quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Uma História Antiga e Sempre Atual

I REIS 16.29-34

Inspirados em Provérbios 14.12, os compositores evangélicos Paulo Cézar e Jayro T. Gonçalves escreveram uma música intitulada “Caminhos”, e num trecho da canção declaram: “Posso andar em caminhos que eu mesmo quis construir/ Posso fazer o que quero, agradando só a mim/ Mas plena paz não posso alcançar/ Há caminho, que ao homem, parece ser bom/ Mas seu fim não é o melhor.”

Infelizmente, esta não foi a compreensão do rei Acabe. Ele figura na lista dos reis de Israel como um dos mais infiéis. Não observou os caminhos do Senhor: viveu uma vida completamente sem referências, fazendo somente o que era mau.

Nos nossos dias também, muitos são os que têm escolhido caminhos errados, seguindo sem direção.

AMBIENTE HISTÓRICO
Acabe, filho e sucessor de Onri, foi o sétimo rei de Israel e reinou durante 22 anos, foi o seu sucessor o seu filho Acazias. Segundo o relato bíblico, Acabe fez “o que era mau perante o Senhor, mais do que todos os que foram antes dele”. O seu reinado foi marcado por idolatria, apoio ao paganismo, perseguição aos profetas do Senhor e constantes guerras contra a Síria.

A história do rei Acabe põe em cena outros nomes importantes da época, a saber: Jezabel, a impiedosa mulher a quem Acabe tomou por esposa e que exerceu tremenda influência na sua vida, pois o instigava a fazer o que era mau (21.25); Elias, o ousado profeta do Senhor, que confrontava Acabe por causa dos seus pecados, sendo por isso perseguido (21.20); Nabote, símbolo das vítimas do abuso de poder do rei e da rainha, o qual foi apedrejado por se recusar a vender ao rei uma propriedade que lhe pertencia (21.1-16).

A história do reinado de Acabe está registada em I Reis 16.29 a 22.40. A vida desse rei pode ser tomada como exemplo da infeliz trajetória de um homem sem referencias para a vida. Como aconteceu nos dias de Acabe, hoje também o Senhor e a Sua Palavra têm sido desprezados por muitos. E o misticismo e a atenção aos falsos profetas têm sido a opção de inúmeras pessoas. Destacamos a seguir, alguns dos perigos e as trágicas consequências da ausência de valores corretos para a vida.

1. O PECADO DA IDOLATRIA
Acerca da idolatria a que Acabe se entregou, o texto aponta duas questões agravantes: seguiu os pecados de Jeroboão e casou-se com Jezabel (16.30-33).

O rei Jeroboão tinha edificado em Dã e Betel santuários para concorrer com o templo de Jerusalém (motivos políticos). Também incentivou o sincretismo religioso, misturando o culto do Senhor com o de Baal. Além disso, profanou o sacerdócio, pois, a quem queria constituía e consagrava como sacerdote (12.25-31; 13.33-34). Acabe, não apenas preservou esse padrão de culto; como se não bastasse, foi mais longe ao tomar por esposa a Jezabel. O deus de Jezabel era Baal e com o casamento esse culto pagão foi mais e mais fortalecido em Israel. Cerca de 850 profetas estavam ao serviço do culto pagão em Israel. Baal era servido por 450 profetas e a deusa Aserápor 400 (18.19). Jezabel exerceu grande influência sobre Acabe com o propósito deste perder a fé  e princípios  bíblicos, desviando-se completamente do Senhor e trilhasse os caminhos da idolatria.

Quando o ser humano perde os valores dados por Deus e ignora o alvo a seguir, abandonando a Palavra de Deus e deixando de olhar firmemente para o Autor e Consumador da Fé - Jesus - torna-se susceptível de se entregar à idolatria. Por causa das vantagens políticas, Acabe abandonou o Deus de Israel e entregou-se à idolatria. O relato de I Reis 21.25-26 diz que ele “se vendeu para fazer o que era mau...” Hoje também há muitos que se vendem, abandonam a Deus, perdem os referencias e seguem a outros “deuses” por causa de supostas vantagens.

2. A ATENÇÃO AOS FALSOS PROFETAS
Quando Josafá, rei de Judá, se juntou a Acabe para guerrearem contra a Síria, sugeriu a Acabe que consultasse primeiro a palavra do Senhor, acerca da viabilidade desse projeto. Então o rei ajuntou cerca de 400 falsos profetas (provavelmente serviam à deusa Aserá, pois os de Baal já estavam mortos) e se pôs a ouvi-los. Acabe tinha prazer em ouvir estes profetas, pois eles profetizavam o que lhe interessava (22.5-6,12). Inconformado, Josafá perguntou: “Não há aqui algum profeta do Senhor para o consultarmos?” (22.7). Acabe respondeu: “Há um ainda, por quem consultar ao Senhor, porém eu o aborreço, porque nunca profetiza de mim o que é bom, mas somente o que é mau. Este é Micaías...” (22.8). O texto não esclarece, mas parece que Elias tinha-se afastado de Samaria, pois só reaparece quando Acazias, sucessor de Acabe já está a reinar (II Rs 1). Ao ser convocado, Micaías disse que falaria somente o que o Senhor lhe dissesse, mas, como era de esperar, o rei não gostou da mensagem (22.17-18). Por isso ordenou que Micaías fosse lançado na prisão e castigado com escassez de pão e água até que ele retornasse da guerra vitorioso e em paz (22.26-27).

Optando pelos conselhos dos falsos profetas, subiu para a guerra, mas a batalha terminou no mesmo dia em que começou, pois ele foi ferido e à tarde morreu (22.29-36).

A insensatez e o trágico desfecho da história de Acabe retratam o proceder daqueles que perdem os referências para a vida. Dão atenção aos falsos profetas, embrenham-se pelos perigosos caminhos da magia, do espiritismo, do esoterismo e das vãs filosofias, e o fim é sempre desastroso. É por isso que Jesus adverte: “Acautelai-vos dos falsos profetas...” (Mt. 7.15; 24.23-25; I Jo 4.16).

3. A CONIVÊNCIA COM A INJUSTIÇA
O relato bíblico dá a entender que a injustiça praticada no reinado de Acabe, cm grande parte foi movida por Jezabel, mulher impetuosa e cruel. Era ela quem exterminava os profetas do Senhor (18.4). Foi ela quem jurou que faria a Elias o mesmo que ele fez com os profetas de Baal (19.1-3). Foi ainda Jezabel quem tramou a morte injusta de Nabote, sob falsas acusações, porque ele se recusou a vender ao rei a sua plantação de uvas (21.5-16).

Em todos estes episódios, o que se percebe é a conivência de Acabe. Ele era o rei, mas fazia vistas grossas diante desses graves atos de injustiça.

Quando o homem perde as referencias para a vida, toma-se insensível e vê a injustiça como algo normal, algo que não inquieta, que não incomoda a consciência. Mesmo sabendo de tudo, Acabe desceu para a vinha, a fim de a tomar por posse, como se nada de errado tivesse acontecido (21.17-19).

A falta de compromisso com Deus e com a sua Palavra, certamente é o que tem levado muitos dos nossos governantes, bem como pessoas de entre o povo e até da igreja, à atitude de conivência com a injustiça nas suas múltiplas formas de manifestação. Mas a Palavra de Deus adverte contra a injustiça (Pv 22.8; Jr. 22.3).

4. RESISTÊNCIA À PALAVRA DO SENHOR
Quando o indivíduo abandona o Senhor e perde os referencias para a vida, fica como que vacinado contra a Palavra do Senhor. Isto está evidente na atitude de Acabe diante de Elias (18.15-18). A presença e as palavras de Elias incomodavam, pois ele falava da parte do Senhor. E o que o Senhor tinha para dizer a Acabe através do profeta, naturalmente não eram coisas boas. Ele resistia à Palavra do Senhor e considerava o profeta Elias como “o maior criador de problemas em Israel” e um inimigo (18.17; 21.20, BLH).

Quanto ao outro profeta, Micaías, o rei também não gostava de o ouvir, pois a sua palavra era sempre dura (22.7-8).

Quando o indivíduo está longe de Deus, entregue aos desejos do coração e sem direção, a Palavra do Senhor realmente incomoda e torna-se insuportável.

Segundo o apóstolo Paulo, chegará um tempo em que muitos “Não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres, segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos; e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas” (II Tm 4.3,4). Será que já não estamos a viver esse tempo?

5. O CASTIGO PELA INFIDELIDADE
A palavra de juízo do Senhor veio a Acabe, através do profeta Elias (21.19-24). O futuro reservado a Acabe era trágico. O que lhe aguardava era humilhação, desonra e a destruição das futuras gerações, como consequência de todos os seus pecados. Apesar de se ter humilhado perante o Senhor (21.27-29), o fato é que o castigo pela infidelidade apenas foi adiado. O preço da infidelidade é muito elevado. Não adianta rebelar-se contra Deus. O salmista Asafe declarou: “Os que se afastam de ti, eis que perecem; tu destróis todos os que são infiéis para contigo” (Sl 73.27).

A experiência de Acabe deixa-nos lições sobre os riscos e as consequências de uma vida sem referências, ou seja, uma vida que exclui a Bíblia como única regra de fé e prática e que substitui o compromisso com Deus por outras supostas vantagens.
Exorto em nome do Senhor a tomarmos o caminho da fidelidade e não o caminho de Acabe.

Em Jesus

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