sexta-feira, 30 de março de 2012

CONHECENDO-ME E CONHECENDO-TE

1. introdução

O Namoro é por excelência o tempo e o espaço para que cada parceiro conheça o outro e avalie, para decidir se deve avançar para um relacionamento que implique um projecto de vida. Mas esse conhecimento do outro, implica também um conhecimento do próprio; conhecer melhor suas possibilidades, tendências, fraquezas e riquezas.

È importante descobrir as características de cada sexo; não se trata de ver qual é o melhor ou pior, porque os dois são bons. É importante que o jovem desenvolva as suas qualidades de jovem, obtenha o domínio real da sua pessoa e um verdadeiro equilíbrio dos seus sentimentos e emoções. É importante saber que como homem e como mulher têm uma missão e, portanto, características específicas que são imprescindíveis pôr em comum para conseguir o desenvolvimento pleno de cada pessoa e sexo.

Neste capítulo falaremos de tendências naturais e gerais dos sexos. Para concretizá-las em cada pessoa se deverá ter em conta o seu temperamento (de que falaremos também um pouco), o meio ambiente em que se vive, a educação, etc.


2. Deus os fez homem e mulher

2.1. O casal – imagem de Deus

“ E disse Deus Façamos o homem à nossa imagem, conforme à nossa semelhança… e criou Deus o homem à Sua imagem à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou.” Não esgotaremos, nesta terra, todo o significado desta declaração mas podemos tirar pelo menos este: a imagem de Deus não o é o homem e a mulher separadamente mas o casal. São os dois que revelam melhor como é Deus e quais os Seus atributos.

Consideremos alguns desses atributos e vejamos como se distribuem no homem e na mulher. Por exemplo: Amor, justiça ordem, ternura, criação, relacionamentos, iniciativa cuidado educação e domínio. Quais destes são mais femininos que masculinos e vice-versa? Parece evidente que atributos como amor, ternura, relacionamentos, cuidado e educação são mais característicos das mulheres; e que ordem justiça, criação, iniciativa e domínio são mais atributos masculinos. Assim as mulheres têm atributos que manifestam a graça de Deus; os homens têm atributos que manifestam a Seu poder. Ambos são bons.

Quando Deus criou o homem a primeira coisa que lhe mostrou foi o mundo natural, levou-o a dar o nome aos animais; acto que consistiu num estabelecimento de ordem; dar nome às coisas e aos seres é estabelecer a ordem no caos. O primeiro universo do homem é pois o mundo, o que consiste num apelo à acção. O homem é chamado a intervir no mundo a dominá-lo, transformá-lo. Ele terá, portanto o seu primeiro desafio no fazer. Quando Deus criou a mulher e a primeira coisa que lhe mostrou foi uma pessoa: Adão. O primeiro universo da mulher é a Pessoa e isso constitui um apelo ao relacionamento. A mulher terá pois o seu primeiro desafio no ser. Ambas as maneiras de estar, ser e funcionar são boas, fazem parte do muito bom da Criação.



2.2 As diferenças e o pecado

O pecado aconteceu e trouxe graves consequências para ambos mas essas consequências são diferentes para um e para outro. Ao homem o Senhor disse: “ porque comeste da árvore…maldita é a terra por causa de ti; com dor comerás dela todos os dias da tua vida. Espinhos e cardos também te produzirá… no suor do teu rosto comerás o teu pão…” Gén. 3:17-19. Para a mulher as consequências vão atingi-la noutra área. “ Com dor terás filhos; e o teu desejo será para o teu marido, e ele te dominará.” A maldição atingiu cada um no seu próprio campo e esfera de desenvolvimento, prazer realização. Ele na esfera da actividade. Ela na esfera da relação.


3. Diversidade e complementaridade

3.1 Razão de ser do casal

Homem não existe em abstracto. É evidente que ele existe sempre e somente em dois possíveis modos: ou o modo masculino ou o modo feminino. Tanto um modo de existência como outro, tomados separadamente, revelam um comportamento específico, tendem para uma maneira particular de projectar o mundo, manifestam uma lógica particular e são inconfundíveis no seu agir. A dualidade sexual é um dos dados fundamentais do ser humano e nenhuma corrente de pensamento igualitário pode negá-la.

A sexualidade é um componente essencial da personalidade, um modo próprio de ser, e de manifestar-se, de comunicar-se com os outros, de sentir, de expressar-se e de viver o amor. Cornélio Fabro, no seu livro Problemi dell esistenzialismo, disse: “ Nascer homem ou mulher não é um facto indiferente para a existência do indivíduo; não é uma circunstância que somente repercute na estrutura anatómica do organismo, na fisionomia dos membros e nas funções biológicas, mas traz em si uma condição de ser que orienta sem demora o movimento da consciência que deve projectar-se para o futuro numa direcção obrigatória.” A pessoa humana é tão profundamente influenciada pela sexualidade que esta é considerada como um dos factores que dão à vida os caracteres distintivos principais. Portanto, a sexualidade caracteriza o homem e a mulher não somente no plano físico mas também psicológico e espiritual, marcando cada uma das suas expressões, e condicionando o caminho do seu desenvolvimento para a maturidade e a sua inserção na sociedade.

O relacionamento do homem e da mulher, sua igualdade e sua diferença mútua estão na raiz da razão do casal e no presente, a nova consciência do Humano exige a colaboração de todos. O homem, como a mulher, têm de pôr o melhor de si mesmos nessa empresa porque ela afecta o Humano no mais profundo do seu ser, na sua própria essência.





3.2 Diferenças anatómicas e morfológicas

Cada indivíduo cresce e desenvolve-se sob a acção de substâncias excitantes e inibidoras chamadas hormonas. Na formação do organismo, seja masculino ou feminino, são fundamentais as hormonas sexuais que por sua vez dependem dos genes X e Y. Na espécie humana a mulher é determinada geneticamente pela fórmula XX. O sexo masculino tem um cromossoma sexual igual ao X da mulher e outro diferente, distinto, designado com a letra Y; o homem é geneticamente determinado com a fórmula XY. Em condições normais, o organismo desenvolve-se anatómica, morfológica e fisiologicamente de uma maneira diversa e complementaria. O feminino, de forma a um dia poder realizar as funções da maternidade. O masculino, de modo a que poder desenvolver as funções da paternidade.

Além das diferenças estritamente ligadas aos órgãos da reprodução, a mulher tem uma pélvis mais larga, uma proporção tronco-extremidades diferente; a sua estatura é menor (em média 10cm); o aparato esquelético e muscular é menor; o tecido adiposo mais abundante, o aparelho fonético mais delicado. As formas do corpo feminino diferenciam-se bastante das formas do corpo masculino.

Do ponto de vista fisiológico, o metabolismo da mulher é baixo; a temperatura é inconstante dependendo do ciclo menstrual. A mulher atinge a puberdade, um ou dois anos antes do homem. A maturidade sexual está acompanhada por fenómenos mais intensos; a reprodução dos óvulos é cíclica, com os fenómenos que tornam possível a nidação. A concepção e o desenvolvimento de uma nova criatura acontecem no útero da mulher durante um período de nove meses. O parto é algo próprio à mulher, daí que a maternidade e a paternidade sejam vividas de maneiras diferentes. Para a mulher, na maternidade, tudo acontece dentro do seu corpo. Para o homem, a paternidade acontece totalmente fora do seu corpo.

3.3. Diferenças psíquicas

As diferenças anatómicas e fisiológicas não podem deixar de incidir na vida psíquica dos dois. É importante ter presente que nas diferenças psíquicas não se trata de presença ou ausência de caracteres diversos, mas de variações de intensidade e de tonalidade:

Sensibilidade: A mulher é geralmente mais sensível, apercebe-se de mais coisas, inclusive pequenas, que podem parecer insignificantes ao homem, até ao ponto de acusá-la de meticulosidade e de ser rebuscada; por sua parte ela acusa o homem de ser descuidado. O corpo feminino está dotado de uma sensibilidade interna muito mais aguda que o masculino. As sensações orgânicas da mulher levam -na a sentir que o seu corpo existe para ela mais que para o homem o seu. A mulher possui um grau de penetração entre o corpo e o espírito muito mais alto que o homem, aí o porquê do enfeite feminino e da preocupação pelo próprio corpo, dado que atravessa a história da humanidade de um extremo ao outro.

Afectividade: A mulher comove-se mais facilmente do que o homem. Chora e ri facilmente. A sua afectividade a torna mais compassiva e mais terna também. Ela necessita mais do que ele de uma manifestação regular de carinho e afectos. Sua sensibilidade e emotividade têm também grande influência na faculdade intelectual.

A mulher tem como centro do seu interesse um ser distinto de si mesma ao qual se entrega, derramando as riquezas da sua afectividade e sensibilidade, e pelo qual é compensada. O objecto de interesses feminino é um ser vivo e concreto, um ser ao qual a mulher possa fazer feliz e que a faça feliz. A tendência fundamental da alma feminina é o amor. O amor na mulher geralmente supera o problema do prazer, para estender-se ao campo psíquico; e a união moral, sentimental e espiritual com aquele a quem ama, assume facilmente o lugar principal no seu espírito. O homem, ao contrário, inclina-se mais em agir, indagar, perscrutar, construir-se uma posição, um nome, uma reputação. A mulher é alocêntrica e o homem egocêntrico.

Por ser mais frio, menos sentimental, o homem não tem o coração na mão. Seu coração é menos sensível, menos emotivo; os homens deixam-se vencer menos pela compaixão e piedade do que as mulheres. O seu amor é mais reflexivo, como corresponde a sua natureza racional. Não costuma amar loucamente. Dizer que ama com reflexão não quer dizer que ama friamente. Ama a seu estilo de homem, serena mas apaixonadamente.


Inteligência: a inteligência do homem é mais discursiva, enquanto que a da mulher é mais intuitiva. A capacidade de compreender algo pode explicar-se de dois modos: pela intuição e pelo raciocínio discursivo. Este último exige uma elaboração lenta e atenta. A intuição pelo contrário é como uma faísca intelectual, uma apreensão instantânea, num acto único das causas no efeito. O homem e a mulher detêm ambos os dois modos de compreensão; a mulher é mais rica intuitivamente e o homem a nível do raciocínio e da análise. Na mulher a inteligência, com a ajuda do amor, queima etapas e chega imediatamente onde a inteligência discursiva chega mais tarde.

O homem é a inteligência que raciocina; vai ao essencial, empreende, discute, ordena ideias, descuida os pormenores, os detalhes. Agrada-lhe ter razão, conduzir, decidir, ser chefe. Corre o perigo do intelectualismo, da rigidez mental, da obstinação e da intransigência. A inteligência é o ponto forte do homem, enquanto que o coração é o da mulher. O homem move-se pelos raciocínios, a mulher pelos sentimentos.

Sexualidade: a sexualidade é vivida de maneira muito diferente por ambos os sexos. Os homens respondem melhor aos estímulos visuais, as mulheres aos auditivos. Daí o provérbio alemão que diz que “ os homens amam com os olhos, as mulheres com os ouvidos.” O homem busca a mulher como possessão; para o jovem a formula é: “entrega-me o teu corpo”; para a mulher: “entrega-me a tua alma.” O homem é sumamente sexual, radicalmente instintivo na sua sexualidade. Enquanto que a mulher busca a afectividade na sexualidade. Por isso, a mulher tem uma resposta sexual mais lenta que o homem e dependente do contexto emocional e afectivo, da qualidade do relacionamento.

Agressividade: A agressividade masculina é bastante diferente da agressividade feminina. A agressividade masculina é ofensiva e motora, desencadeia-se facilmente. A agressividade feminina é mais rara, mais sensível à sugestão e à aprendizagem. É, sobretudo, defensiva e verbal.

Casamento e lar: O casamento é concebido diferentemente por ambos. Para a mulher o casamento, é uma situação vital e essencial da qual ela espera a realização própria sendo ao mesmo tempo fim e meio da sua realização. Para o homem o principal objectivo existencial é a realização duma obra no contexto social mas pode encontrar na vida conjugal e no amor uma outra fonte de satisfação; no entanto, parece que o casamento é para ele, raramente um fim.


Atitudes religiosas: Também no plano religioso, o homem e a mulher são diferentes. Ela é mais sensível e mais idealista. Ao contrário, o estilo religioso do homem é mais lógico, menos sentimental, mais ideológico, menos afectivo, mais frio, menos impressionável. O homem situa-se diante da religião como ante um saber científico. A mulher situa-se de uma maneira mais unitária. Em religião, todo o seu ser tem interesse. Pode correr o perigo de cair numa beatice, num sentimentalismo, numa procura e num encontro de consolos.

Actividade/desempenho de tarefas: as mulheres desempenham melhor, tarefas que implicam factores estéticos; factores verbais – são mais faladoras e têm menos problemas de linguagem, parece que há uma gaga para sete gagos… - Performances manuais; preocupações sociais; organização material do trabalho. São mais espontâneas e extremas na expressão das emoções. Têm menos respostas de indiferença que os homens.

Os homens, por seu lado, desempenham melhor, tarefas que impliquem aptidões espaciais; percepção analítica; tempo de reacção rápido; raciocínio matemático e lógico.
O homem é essencialmente acto, a mulher é essencialmente ser.


3.4. Distintos, mas complementares

De tudo o que foi dito podemos deduzir e afirmar que a frase” a mulher é igual ao homem” está errada. A mulher não é igual ao homem. Mas dizer que a mulher tem os mesmos direitos que o homem está certo, porque os direitos derivam da natureza e a mulher tem a mesma natureza que o homem. Deus disse “façamos o homem à nossa imagem e semelhança: homem e mulher os criou” ambos têm a mesma natureza humana, feita à imagem e semelhança de Deus; por isso têm os mesmos direitos.

Homem e mulher são seres correspondentes um ao outro no mesmo plano, que se relacionam com a palavra, o sorriso, o pranto, o amor. A dualidade homem-mulher é uma igualdade total tratando-se de dignidade humana; é uma maravilhosa complementaridade tratando-se dos atributos, das propriedades e dos deveres unidos à masculinidade e feminilidade do ser humano.

Os sexos são complementares: semelhantes e distintos ao mesmo tempo; não idênticos, mas iguais na dignidade da pessoa; são iguais para compreender-se, distintos para complementar-se. Nascidos distintos como homem e como mulher, nasceram para a unidade, e é precisamente através do seu corpo masculino e feminino que esta unidade se realiza.

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