sábado, 10 de setembro de 2011

A FONTE DO PODER

Tito 1. 5-9
Introdução:
• Esperamos que sejamos veículos do poder de Deus, vencendo todos os obstáculos que porventura apareçam em nosso caminho. Oramos, também, para que tanto os instrutores, como os que serão treinados e formados, sejam instrumentos do poder de Deus, nas vidas das igrejas em que vierem a ministrar. Oramos, com igual intensidade, que o poder de Deus se manifeste em suas vidas, mantendo as convicções, a visão, a fidelidade à sã doutrina, fazendo-os frutíferos para a disseminação do reino de Deus.
• Devemos ponderar, entretanto, que vivemos numa era onde a busca e procura pelo PODER é ávida. Ela ocorre não somente fora da igreja, mas principalmente dentro da igreja. Busca-se a Religião do Poder, como nos descreve Michael Horton no livro do mesmo nome que editou. Mas é ele próprio que nos alerta, quando escreve: "O evangelho de poder é um inimigo do poder do evangelho" (p. 267).
• Ocorre que o PODER, como é hoje em dia procurado e demonstrado, não é o verdadeiro poder do Espírito Santo. Procura-se o inusitado, o extraordinário, o sobrenatural. Esquece-se o verdadeiro poder de Deus que ressurgiu Cristo ao terceiro dia, que converge n´Ele o centro do plano de redenção, que realizou a indescritível maravilha de separar um povo Seu para glória eterna, transformando os perdidos e aniquilados pelo pecado.
• A este povo, a esta Igreja, congregados em igrejas locais, Deus chama líderes que a dirijam com base no poder que emana do Espírito Santo. Que não se envergonhem "... do evangelho, que é poder de Deus para a salvação..." (Rm 1.16)
• Não devemos, portanto, desprezar, as expressões relacionadas com o exercício do poder, mas possivelmente, nesta ocasião, possamos ponderar sobre a maneira que Deus escolheu para utilizar os líderes do Seu povo, como veículos do Seu Poder. Que a instrução e alerta sirva para todos nós,, especialmente os envolvidos na execução do Projeto de levar o Evangelho Eterno aos perdidos.
• Chamaria a vossa atenção para a leitura da Palavra de Deus, conforme a encontramos na carta de Paulo a Tito, 1.5-9. Nesse trecho, escrito pelo apóstolo a um jovem pastor e líder, como os que frquentam a Igreja do Senhor, bem como aos mais idosos. Paulo, após declarar a sua autoria, os seus objetivos, a sua autoridade e após definir o destinatário (Tito), lemos:
v. 5 Por esta causa, te deixei em Creta, para que pusesses em ordem as coisas restantes, bem como, em cada cidade, constituísses presbíteros, conforme te prescrevi:
v.6 alguém que seja irrepreensível, marido de uma só mulher, que tenha filhos crentes que não são acusados de dissolução, nem são insubordinados.
v.7 Porque é indispensável que o bispo seja irrepreensível como despenseiro de Deus, não arrogante, não irascível, não dado ao vinho, nem violento, nem cobiçoso de torpe ganância;
v.8 antes, hospitaleiro, amigo do bem, sóbrio, justo, piedoso, que tenha domínio de si,
v.9 apegado à palavra fiel, que é segundo a doutrina, de modo que tenha poder tanto para exortar pelo reto ensino como para convencer os que o contradizem.
Creio que podemos destacar três pontos, para nossa meditação e instrução, nesta passagem. Em cada igreja local estabelecida, o que é necessário, para que os líderes tenham poder?
1. É necessário uma estrutura bíblica de organização, com oficiais.
Vemos isso no verso 5 - "...para que pusesses em ordem...". A necessidade de pôr em ordem. Espontaneidade desregrada, aliatoriedade constante, individualismo indiscriminado, independência descabida das estruturas eclesiásticas, não são sinónimos de espiritualidade. Na realidade, temos testemunhado a queda de muitos, por terem rejeitado os chamados bíblicos à organização, à sistematização ao planeamento exercitado dentro de uma visão do Deus Soberano, que cumpre os seus propósitos através das nossas vidas.
Ainda no verso 5 - "... constituísses presbíteros...". Essa estrutura pressupõe uma multiplicidade de presbíteros, a existência de oficiais na igreja, um governo representativo, com oficiais apontados, eleitos ou indicados.
2. É necessário que os oficiais tenham uma vida " irrepreensível". Vemos essa admoestação, nos versos 6-8.
a. Isso pressupõe, em primeiro lugar a crença / a conversão à Fé Cristã. No versículo 16, lemos que não estamos a falar de mera profissão. Ela é necessária, mas não é suficiente, em si: "No tocante a Deus, professam conhecê-lo; entretanto, o negam por suas obras; é por isso que são abomináveis, desobedientes e reprovados para toda boa obra". A verdadeira profissão se manifestará na acção do Espírito Santo na vida, nas obras de cada um, na medida em que o processo de santificação se torna evidente à igreja.
b. Vida irrepreensível (v. 6; 1 Tm 3.2 e 10) não é um conceito abstrato, nebuloso. Não significa, também ausência de pecado, perfeccionismo. O apóstolo é bem concreto, colocando algumas necessidades em duas áreas (em ambas a palavra irrepreensível é repetida) básicas indispensáveis, que caracterizam a irepreensibilidade.
(1) A primeira delas é no âmbito da vida familiar. No verso 6 está o requerimento:
(a) Marido de uma só mulher. Fiéis no matrimónio (v. 6; 1 Tm 3.2 e 12).
(b) Filhos crentes - não dissolutos (v. 6; 1 Tm 3.4, 5 e 12). Que foram instruídos a não causarem brigas e dissensões e que aprenderam subordinação e respeito hierárquico, no lar, na igreja e na sociedade.
(2) A segunda área, é no relacionamento com os demais - com os irmãos, com a igreja, com o próprio exercício da liderança. Paulo explica que o oficial é "despenseiro" - administrador (oikonomos) das coisas de Deus, perante o Seu povo. Nesse sentido, temos, nos versos 7 e 8, alguns NÃOS e alguns SINS.
(a) O líder do povo de Deus NÃO pode ser (verso 7):
Arrogante - Seguidor de sua própria vontade. Desconsiderado com os demais.
Irascível - Inclinado à ira.
Dado ao Vinho - Que se detém na atração das bebidas.
Violento - Espancador, aquele que intimida os demais.
Ganancioso (cobiçoso de ganho indevido) - Ávido pelo ganho desonesto.
(b) SIM - O líder DEVE ser (verso 8).
Hospitaleiro - Disposto ao sacrifício do conforto pessoal para abrigar outros.
Amigo do Bem (se compraz) - (filagayos)
Sóbrio (não dominado pelas emoções) - Prudente, de mente aguçada, não bêbado.
Justo - (dikaios) Reto
Piedoso - Direcionado a Deus.
Com domínio próprio - Auto controlado, temperante (egkratha).

3. É necessário que os oficiais tenham apego à Palavra de Deus.
FIEL - Note no versículo 9 - "...apegado à Palavra Fiel.."; ou seja, fiel à Palavra Fiel.
Harmônico com o corpo de doutrinas previamente reveladas. Ensinando segundo a revelação previamente recebida. Ainda no v. 9 - "... que é segundo a doutrina".
Quantas e quantas vezes somos relembrados da necessidade de nos mantermos coerente com o corpo de doutrinas reveladas:
Is 8.19-20: "Quando vos disserem: Consultai os necromantes e os adivinhos, que chilreiam e murmuram, acaso, não consultará o povo ao seu Deus? A favor dos vivos se consultarão os mortos? À lei e ao testemunho! Se eles não falarem desta maneira, jamais verão a alva".
Rm 12.6: "... se profecia, segundo a proporção (analogia) da fé".
Jd 1.3: "...exortando-vos a batalhardes, diligentemente, pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos".
Rm 3.2; Hb 5.12; 1 Pe 4.11: "... aos judeus foram confiados os oráculos de Deus"; "... tendes, novamente, necessidade de alguém que vos ensine, de novo, quais são os princípios elementares dos oráculos de Deus?"; "Se alguém fala, fale de acordo com os oráculos de Deus...".
Conclusão:

• Todas as qualificações, maneira de viver, conteúdo do ensinar, que foram transmitidos por Paulo a Tito tinham um propósito bem definido, explícito no próprio verso 9 - a concessão de PODER ("de modo que tenha poder"). Não o poder pessoal, próprio. Não um poder espúrio, irreal, enganoso. Mas o poder advindo de Deus.
• A palavra utilizada (dunatos) expressa um pouco mais do que "ter a possibilidade", como está no inglês. A tradução de Almeida é mais feliz, bem como a Holandesa (machtig - might). Revela ser poderoso, no sentido de transmissor do poder de Deus, em função de retratar uma vida compatível com os preceitos de Deus.
• Poder para exortar, pelo reto ensino.
• Poder para convencer os de persuasão contrário.
• Não há lugar para os "vôos independentes", para os "ventos de doutrina". O poder é exercitado pelo reto ensino - aquilo em que todos nós, almejamos, venhamos a envolver-nos.
• Não há lugar para arrogância, para um conceito de que representamos uma casta superior de agraciados, ou mais inteligentes e perceptivos do que os demais crentes - o direcionamento de Paulo e que temos de ter a paciência a exortar, bem como a competência e o esmero necessários no convencer aos que discordam. Assim como Paulo arrazoava e demonstrava, as verdades do Evangelho. Assim como a palavra deve ser sempre "temperada com sal"(Col. 4.6), para que a verdade transmitida não venha a tropeçar em nosso próprio orgulho.
• Todos nós queremos ser veículos do poder de Deus. Muitos querem poder, nos dias de hoje. Estamos agindo dentro das Estruturas determinadas por Deus? Estamos a demonstrar uma vida Exemplar e dirigida pelos princípios da Palavra? Estamos apegados à Palavra de Deus, à sã doutrina, exercitando o reto ensino?
• Que Deus nos possibilite a seguirmos os seus princípios e que as estruturas nas quais estamos envolvidos evidenciem o poder de Deus, pelas vidas formadas e transformadas pela Fé Cristã no Evangelho Eterno.

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