segunda-feira, 2 de maio de 2011

UM CEGO NÃO PODE GUIAR OUTRO CEGO

O problema não é recente; existe desde o surgimento da igreja. Porém, nestes últimos dias, cego guiando outro cego (Mateus 15:14) tornou-se uma pandemia e de grande influência para a apostasia espiritual no meio cristão. O apóstolo Paulo identificou essa triste realidade e fez a seguinte declaração:
"E espero no Senhor Jesus que em breve vos mandarei Timóteo, para que também eu esteja de bom ânimo, sabendo dos vossos negócios. Porque a ninguém tenho de igual sentimento, que sinceramente cuide do vosso estado; porque todos buscam o que é seu, e não o que é de Cristo Jesus." [Filipenses 2:19-21]
Quem eram esses "todos os outros" a quem Paulo se referia? Ambos, ele e Timóteo, eram ministros do evangelho - pastores espirituais, de quem se esperava interesse pelo bem-estar dos crentes. Igualmente, é claro que pelo menos alguns dos "outros" eram ministros declarados. Um deles - Demas - era um colaborador de Paulo (Filemom 1:24; Colossenses 4:14), porém mais tarde o desamparou, "amando o presente século" (2 Timóteo 4:10).
Para pôr as coisas no contexto, Paulo disse isto referindo-se aos crentes que estavam com ele em Roma:
"E muitos dos irmãos no Senhor, tomando ânimo com as minhas prisões, ousam falar a palavra mais confiadamente, sem temor. Verdade é que também alguns pregam a Cristo por inveja e porfia, mas outros de boa vontade; uns, na verdade, anunciam a Cristo por contenção, não puramente, julgando acrescentar aflição às minhas prisões. Mas outros, por amor, sabendo que fui posto para defesa do evangelho." [Filipenses 1:14-17]
Alguns dentre os que pregavam faziam-no por boas razões, porém outros não. O triste era que somente Timóteo, mais ninguém, estava em condições de ajudar Paulo a administrar as necessidades em Filipos. Epafrodito, amigo e companheiro de Paulo (verso 25), foi enviado juntamente com Timóteo, de modo que não creio que ele estivesse incluído na declaração sobre aqueles que buscavam os seus próprios interesses.
Estão os pastores realmente a cuidar das ovelhas? Ou estão aqueles que ministram desiludidos porque queriam ter uma mega-igraja? Ser um grande evangelista? Aparecer na Televisão? Quando isso não acontece, a igreja é assistida por uma dúzia de membros nas reuniões de oração, ficam tão desanimados que orientam a sua vida para continuar a estudar na Universidade, ou quem sabe: a duvidar? Meus amigos, cães-pastores não são pastores! (Calma - não estou a chamar cães - estou apenas a fazer uma ilustração). Em algum momento as congregações perderam de vista o fato de que pastorear pessoas e arrebanhá-las são duas coisas diferentes.
A minha segunda pergunta é esta: Estamos nós (pastores e anciãos) a instruir em "todo o conselho de Deus" (Atos 20:27), ou apenas um conjunto de filosofias, ou conceitos teológicos de cariz liberalista?
"Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências." [2 Timóteo 4:3]
A natureza humana ama o entretenimento e a satisfação. E muitos indivíduos que possuem carisma podem ler as Páginas Amarelas e mesmo assim cativar as pessoas. Acrescentam uma música cuidadosamente selecionada para mexer com as emoções, misturam ritmos conhecidos com uma mensagem superficial - e eis ai um combinação poderosa! Adolf Hitler não declarava ser ministro do evangelho, mas usou táticas similares para garantir a aceitação da maior parte da população cristã da Alemanha antes da Segunda Guerra Mundial. Portanto, se acha que não pode ser enganado e iludido nesse aspecto, a história mostra o contrário!
Os pregadores estão a usar sermões (se é que podem ser chamados sermões) para tocar nas emoções humanas e encantar as multidões. Paz, amor e uma sensação de pertencer são necessidades básicas arraigadas na alma humana. E muitos indivíduos sem escrúpulos estão explorando essas necessidades a fim de manipular as massas. Se você duvida dessa afirmação, basta observar cuidadosamente o conteúdo dos noticiários da TV quando eles, por alguma razão, mostram multidões nas igrejas como parte da sua programação. Quase sem excepção eles mostram pessoas em situações próximas a um transe, e isto sob o efeito da música e "erguendo as mãos santas em adoração". Essas multidões encontram-se emocionalmente alteradas “drogadas” por um pacote de sermão e música cuidadosamente preparados para alcançar um resultado esperado. O efeito é persuasivo, pois as pessoas querem mais e mais dessa sensação e sentem um vazio quando não recebem a sua “dose” emocional semanal.
E falando nisso, vem à minha mente a seguinte passagem:
"Que dizem aos videntes: Não vejais; e aos profetas: Não profetizeis para nós o que é reto; dizei-nos coisas aprazíveis, e vede para nós enganos." [Isaías 30:10]
Permitam-me apresentar uma situação hipotética para ilustrar o que quero dizer. O que aconteceria se um general usasse esse tipo de retórica agradável aos ouvidos ao discursar para as suas tropas antes de enviá-las à batalha? Acredita que um sentimento de "entusiasmo e tranquilidade" manteria os ânimos dos soldados equilibrados quando eles observarem os horrores da guerra? A realidade é muitas vezes desagradável, porém sempre necessária aos crentes, pois devemos enfrentar as batalhas espirituais do quotidiano. E a pregação que deixa de "reprovar, repreender e exortar" (2 Timóteo 4:2) por que o pastor está ocupado a fazer com que as pessoas se sintam bem consigo mesmas é perigosa. Quando o Diabo anda em derredor, buscando a quem possa tragar (1 Pedro 5:8) e está prestes a derrubar a porta - então, meus amigos, não é tempo para dizer palavras aprazíveis aos ouvidos!
Um pregador que deixa de "quebrar alguns ovos" regularmente, por que tem o objetivo de ser popular, não está qualificado para o ministério. Se ele fizer o seu trabalho corretamente, não será popular para a maioria dos perdidos. Assim, a tentação óbvia é manter um perfil discreto e dar o que eles pedem e esperar que voltem no próximo sábado. Então, se você é realmente bom nesse tipo de contemporização, os amigos deles se juntarão a eles e, brevemente, você será famoso, “o pastor simpático”. Mas clubes sociais construídos sobre o nome de Jesus Cristo não são a igreja do Novo Testamento.
O objetivo da adoração é reconhecer o infinito valor de Deus e direcionar a nossa oração e louvor para Ele. Tudo gira em torno de dar e não receber, mas, de alguma forma, esse princípio foi invertido com o passar dos anos. De forma que agora muitos vêem a igreja como um posto de abastecimento espiritual onde eles enchem o tanque para mais uma semana. Eles sentem-se totalmente desapontados se a "diversão" não corresponder às suas expectativas. Sermões doutrinários tornaram-se tão raros, porque todos sabem que a doutrina bíblica divide as pessoas. Pregue-a, enfatize-a e brevemente terá de fazer as reuniões na sala de estar da casa do pastor, pois a multidão desaparecerá. Mas pergunto - isso é algo ruim? Falo por mim mesmo, pois prefiro ter a oportunidade de pastorear um pequeno grupo de crentes genuínos do que quatrocentos dissimuladores!
A ordem do Senhor aos discípulos para a evangelização, é "Ide..." (Mateus 28:19; Lucas 16:15), e não diz aos perdidos "Vinde"! Já paramos para pensar nisto? Não há nenhum ensinamento no Novo Testamento que diga que devamos convidar os incrédulos para virem às nossas igrejas "para que possam experimentar a vibração do Evangelho". Sinceramente, o meu irmão convidaria o Diabo para sentar-se ao seu lado na igreja? Sei que serei criticado por dizer isso, mas é basicamente o que muitos querem. Muitos daqueles que vivem no mundo (Sodoma e Gomorra) já entregaram o coração ao Diabo, alguns sentam-se nos bancos das nossas igrejas. Além disso, a ecclesia, ou "igreja", sendo um ajuntamento de crentes cheios do Espírito Santo, esse crente/incrédulo sente-se totalmente deslocado. E, se eles não se sentem constrangidos pelo Espírito Santo, está a igreja em falta! A apostasia explosiva que está a acontecer atualmente é prova inegável de que esse costume tem contribuído grandemente para a proliferação do joio no meio do trigo. Métodos mundanos e boas intenções permitiram que esses indivíduos não somente se sintam à vontade, mas totalmente acomodados à situação! Eles são membros e, como as ervas daninhas, sufocam a vida espiritual da igreja.
O que devemos fazer é ir até aos perdidos e dar-lhes a mensagem do evangelho. Então, receber em nosso meio todos os que responderem e mostrarem evidências de que nasceram de novo; ajudá-los a crescer na graça e no conhecimento de Cristo. Isso envolve evangelismo a nível pessoal. Devido à falta de compromisso e indolência, tornou-se mais fácil "deixar o pregador fazer o serviço". Basta convidar os incrédulos para virem à igreja, onde o pregador poderá completar o trabalho para que eles sejam “salvos”.
Aparente zelo de Deus, mas sem entendimento (Romanos 10:2 - onde a palavra grega para entendimento é epignosis, denotando discernimento completo) é, infelizmente, característica da maioria dos ministros hoje. A fixação em números para melhorar a imagem de êxito espiritual é a regra e não a excepção. Todo o truque conhecido no mundo da propaganda está a ser usado (e muito eficazmente) para "construir ministérios". Porém, esses ministérios são realmente igrejas, de acordo com a acepção do Novo Testamento? Eles equipam os crentes para viverem por Jesus Cristo num mundo hostil e a enfrentarem a perseguição peculiar à vida cristã? Ou será que não precisamos reconhecer que a grande maioria está a ser conduzida por flautistas de Hamelin cujo principal interesse é que as pessoas voltem no sábado seguinte?
Nenhum pastor que realmente ama as suas ovelhas quer vê-las sem direção. Porém, se ele deixar de "reprovar, repreender e exortar com toda longanimidade e doutrina", num esforço para evitar ser desagradável - ele as estará prejudicando terrivelmente! A pregação da Palavra de Deus envolve um elemento de disciplina e quando "facilidades" são admitidas, o resultado inevitável é a anemia espiritual entre os adoradores e apostasia entre os meros admiradores.
Portanto, se você olhar ao redor no próximo sábado e perceber que está no meio de uma grande congregação que gravita em torno da personalidade de um pastor que prega mensagens baseadas no tema "sinta-se bem consigo mesmo", meu conselho é: leia a Bíblia e o Espírito de Profecia e ore por esse pobre pastor ou ancião!
"Por isso saí do meio deles, e apartai-vos, diz o Senhor; E não toqueis nada imundo, E eu vos receberei." [2 Coríntios 6:17]


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Se o chamado não é para colocar a confiança em Jesus Cristo como Salvador, se não é pregado o que Ele está a fazer presentemente no Lugar Santíssimo e que em breve virá, assumo o que digo, está a perder tempo!
Esperamos que este ministério seja uma bênção na vida de cada crente. O nosso propósito deve ser educar e advertir as pessoas, para que vejam a vindoura Aurora, o Novo amanhecer que se concretiza nas palavras de Jesus: João 14:1-3.

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